Audiodescrição. Ilustração com o título do site. Em destaque, sobre fundo marrom claro e em letras maiúsculas: Golpe. Acima, em tamanho menor: Diários do, sendo que a letra O da palavra diários está posicionada um pouco abaixo, como se estivesse caindo no vão formado entre as letras L e P da palavra Golpe. Mais abaixo: a ditadura na primeira página e no canto superior esquerdo, em branco: 1961 – 1985. Na base, um cassetete antigo, na horizontal, com o punho à direita, de onde sai uma corda listrada em verde e amarelo e que enlaça a letra E, de Golpe. Fim da audiodescrição.

Sem memória
não há futuro

Sylvia Debossan Moretzsohn

No momento em que o golpe de 1964 completa 60 anos, publicamos aqui os painéis da exposição instalada no saguão da Biblioteca do Gragoatá, na UFF, há exatamente uma década. A mostra, organizada por Vinicius Damazio, estudante de Jornalismo, e o professor Ildo Nascimento, ambos do Instituto de Arte e Comunicação Social, marcava o cinquentenário daquela data com uma seleção de capas de jornais, permeadas por notas e ilustrações, destacando, ano a ano, momentos significativos dos 21 anos do período ditatorial. Leia Mais »

Audiodescrição. Ilustração na horizontal formada por três títulos recortados de jornal, à partir da esquerda: Surpresa e Preocupação no Exterior Ante a Renúncia; Depois da Posse de João Goulart, Jânio revelará os motivos da renúncia; Estamos na encruzilhada: democracia ou comunismo. Intercalando os títulos, à direita, desenho em traços pretos do rosto de Jânio Quadros,  homem de pele branca, cabelos pretos penteados para trás e bigode. À direita, fotografia de um quepe do exército brasileiro. Fim da audiodescrição.

1961
o ovo da serpente

Audiodescrição. Imagem na vertical, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 13 de outubro de 1960. No topo da capa: 'Brasil já pode fabricar bombas atômicas', tendo, logo abaixo, o nome do jornal seguido da foto de Janio Quadros, voltado para a direita, a partir dos ombros. Ele é um homem branco, de cabelos pretos e lisos, penteados para trás. Usa óculos de aros grossos e pretos. Olha pelo visor de uma máquina fotográfica que segura na mão esquerda. Com a mão direita, apoia a lente da máquina, que tem cerca de 40 centímetros de comprimento. Na legenda: Presidente à vista. Nas margens laterais, fora da capa de jornal, textos curtos acompanhados de ilustrações sobre fatos históricos. Abaixo, na horizontal, reprodução de reportagens de jornal com os títulos: 'Arinos pediu ao Congresso que recusasse a renúncia para evitar guerra civil'; 'Comissão decide em 48 h impedimento de Goulart'; 'Sindicatos após renúncia começaram a reunir-se para deflagrar greve geral' e 'Lacerda comunica renúncia de Jânio dizendo-se pronto para defesa da democracia.' À direita, outras duas capas. Na de O Globo, a manchete: 'Estamos na encruzilhada: democracia ou comunismo'. Na capa de Última Hora: 'Primeiro ministro é Tancredo'. No rodapé, em destaque, 1964, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências culturais e históricas daquele ano. Fim da audiodescrição.

Áureos tempos
do jornalismo impresso

Ildo Nascimento | Vinícius Damazio

Naqueles dias sem conexões ou interatividades, os jornais ainda eram formatados com os tipos de Gutenberg. Pauta, apuração, redação, composição e rotativas; os caminhões distribuindo os fardos nas bancas; o jornaleiro montando cadernos. Extra! Extra! A notícia chegava com o raiar do dia, ao cair da noite ou em edições... extras. Leia Mais »

1964

Audiodescrição. Imagem na vertical, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 2 de abril de 1964. No topo, abaixo do nome do jornal, duas fotos. Na da esquerda, um homem uniformizado e com capacete, de costas na chuva, com a legenda: Fiel até debaixo d´água: sozinho na chuva, um soldado do Exército controla a situação, durante as comemorações da vitória. Na da direita, cerca de dez pessoas, algumas com braços para cima, duas com guarda-chuva, em uma calçada. Na legenda: Vitória está nas ruas: A cidade saiu às ruas para comemorar vitória sobre Goulart. Abaixo, os textos estão à direita, divididos em três colunas. À esquerda, outras quatro fotos. Na primeira, dois tanques em uma estrada. Abaixo, foto de incêndio no prédio da UNE. Ao lado,  do governador Carlos Lacerda, em pé, mão direita para baixo segurando uma arma. Na última foto, soldados correndo no Largo da Carioca. Mais abaixo, outras três capas de jornal. Na primeira, os destaques: 1 – Refinarias Encampadas. 2- Terras Desapropriadas. Na segunda, do jornal Última Hora: Tensão no país com a crise na Marinha. A terceira, de O Globo: Cassados dos mandatos de 40 parlamentares e suspensos direitos políticos de 58 pessoas. No rodapé, em destaque, 1964, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

1965

Audiodescrição. Imagem na vertical, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 3 de abril de 1965. No topo, abaixo do nome do jornal, em destaque: Governo não abre mão da maioria absoluta. Abaixo, foto do coronel Artur da Costa e Silva. Ele é um homem branco de cabelos pretos. Usa uniforme militar com várias medalhas e óculos escuros de aros grossos. Está sentado atrás de uma mesa, sobre a qual está um microfone redondo que, pelo ângulo da foto, encobre a boca do militar. Abaixo, na horizontal, reprodução de outras três capas de jornal, a partir da esquerda: O Globo, com destaque para: Uma bomba explode no Estado de São Paulo e confirma ameaça do manifesto subversivo, Jornal do Brasil, com o título: Só o povo manda nos militares, diz Costa e Silva e O Globo, com: Estado de Sítio. No rodapé, em destaque, 1965, apoiado em um semicírculo verde, sobre o qual há imagens que representam referências culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

1966

1966 . Audiodescrição. Imagem na vertical, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, referente a 6 e 7 de fevereiro de 1966. No topo, abaixo do nome do jornal, a manchete: Castelo Branco edita Ato 3 com eleições indiretas. Abaixo, destaque para um retângulo na vertical com a reprodução do texto do Ato Institucional número 3. Abaixo da capa, na horizontal, reprodução de outras três capas do jornal O Globo, com as respectivas manchetes: Boliviano preso como autor do atentado terrorista do Recife; 295 votos elegeram o novo chefe do governo e Ato complementar 23 põe o congresso em recesso. No rodapé, em destaque, 1966, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências históricas e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

1967

1967 . Audiodescrição. Imagem na vertical, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 16 de setembro de 1967. No topo, abaixo do nome do jornal, 'Presidente diz que o país vive em plena democracia e é necessário consolidá-la'.  
Abaixo, foto na vertical de uma mulher em pé, voltada para a direita, encostada em uma parede. Ela usa blusa de mangas compridas branca calças e botas pretas e um lenço preto amarrado na cabeça. Na legenda: A mulher do ano 2000: Veruskha tem 1m,83cm de altura, pesa 54 kg e calça sapatos 41. 
Abaixo, na horizontal, a partir da esquerda, duas capas de jornal, em tamanho menor. A partir da esquerda: O Globo traz como destaque: Carta mantém pleito indireto, anula revisão de punições e assegura o monopólio estatal. No Jornal do Brasil, a manchete: Congresso aprova carta com os relógios parados. À direita, reportagem sobre a morte de Che Guevara. Na foto, o rosto de um homem jovem, branco, de cabelos ondulados, sobrancelhas grossas, barba e bigode pretos. Mais abaixo, manchete de O Globo: Congresso sem discursos empossa novo governo. Castelo entrega faixa ressaltando ideal comum. Costa e Silva quer diálogo com todos. No rodapé, em destaque, 1967, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

1968

1968. Audiodescrição. Imagem na vertical, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 14 de dezembro de 1968. No topo, do lado direito do nome do jornal: Ontem foi o dia dos cegos. Na manchete: Governo baixa Ato Institucional e coloca Congresso em recesso por tempo ilimitado.  Abaixo, à esquerda, reprodução do Ato Institucional, tendo, à direita foto na vertical do presidente Artur da Costa e Silva, homem branco de cabelos também brancos. Ele está em pé, voltado para a direita e caminha. Só é possível observar a perna direita projetada para trás. Uma espécie de palanque, no canto inferior direito da foto, encobre a perna esquerda. Na legenda: Tradição que se renova: O Presidente dirige a entrega de espadas aos novos guarda-marinhas. Abaixo, foto na horizontal de três homens brancos, em pé, conversando em círculo, todos com uniformes militares. Na legenda: Identidade profunda: Os ministros militares confraternizam durante a homenagem à Marinha. Mais abaixo, foto de campo de futebol, tendo em primeiro plano um jogador com braço estendido para o lado, conversando com outro homem, com uniforme esportivo. Na legenda: Hora dramática: Garrincha foi expulso quando o Brasil vencia o Chile na Copa de 62. Do lado direito da capa, um bloco de pequenos anúncios classificados, organizados em três colunas, com o título Dinheiro – Hipot. Cautelas. Abaixo, reportagem com o título: Bonifácio declara que Ato resulta de várias crises. Mais abaixo, outro bloco de pequenos classificados, com o título: Telefones.
Abaixo, na horizontal, reprodução de outras três capas do jornal O Globo tendo em destaques as manchetes, à partir da esquerda: Agitadores levam anarquia ao Centro do Rio; Passeata esquece reformas para pregar a luta armada, e Ato 5 Cassa 11 e suspende 2. À direta reprodução da reportagem: Presidente cassa os direitos de Lacerda e de 11 deputados. No rodapé, em destaque, 1968, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências de fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

1969

1969. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque, à direita, a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 27 de fevereiro de 1969. 

No topo, abaixo no nome do jornal: Ato 7 suspende eleições parciais em todo o país. Abaixo, foto na horizontal tendo, à esquerda um homem branco de testa alta e cabelos pretos encaracolados, a partir da cintura. Ele usa um terno e está voltado para a direita, debruçado e com os braços estendidos, segurando as mãos de duas pessoas em pé, um pouco mais abaixo, à direita. Ao fundo, dezenas de pessoas muito próximas uma das outras. Algumas seguram pequenas bandeiras. Na legenda: Aliança para a unificação: O Presidente Nixon foi saudado pelo povo em Bonn, onde garantiu apoio norte-americano à tese da reunificação da Alemanha.     

Na margem esquerda da prancha e abaixo da capa em destaque, outras seis capas de jornal com as manchetes, pela ordem: Costa e Silva, enfermo, afastado (temporariamente) da Presidência. Ministros militares assumem o governo (jornal O Globo); Primeiro exército caça sequestradores (O Globo); Salvo (O Globo); Ato 14 admite pena de morte para subversivos (Jornal do Brasil) e Marighela morre metralhado em São Paulo (Jornal do Brasil).

No rodapé, em destaque, 1969, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: A manchete da capa principal – Ato 7 suspende eleições parciais em todo o país – tem como apoio a fotografia do presidente norte-americano Richard Nixon em missão de paz à Alemanha em favor da reunificação de um país dividido desde o final da segunda guerra. A ironia, nesse caso, se encontra na contraposição de uma manchete de conteúdo repressivo no Brasil, com uma imagem de convergência e boa vontade em um país estrangeiro.

1970

1970. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal O Globo, em preto e branco, de 22 de junho de 1970. No topo, a manchete: Médici: ninguém segura este país.  
Abaixo, à esquerda, foto na vertical de três homens com uniforme da seleção brasileira de futebol, com os braços estendidos para o alto, segurando um troféu em forma de taça. À direita, duas fotos horizontais, uma acima da outra, com cenas do jogo de futebol entre Brasil e Itália. 
Abaixo, em menor formato, reprodução de capa do Jornal do Brasil com a manchete: Governo espera lista de 70 presos para salvar a vida do Embaixador. À direita, recorte de uma reportagem de jornal com o título: Portões abertos pela primeira vez. Mais abaixo, à esquerda, retângulo na horizontal, tendo à direita a bandeira nacional e, em azul e preto: Brasil, ame-o ou deixe-o. Mais à direita, foto de jornal com dois homens, de terno, se abraçando. O da direita, jovem e de pele negra retinta. O da esquerda, de pele branca e cabelos grisalhos. Na legenda: o abraço mais comovido foi para Pelé. Médici, em lágrimas, a Pelé: Você é o Rei. 
No rodapé, em destaque, 1970, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: A manchete – Médice: ninguém segura esse país – pega carona em um dos slogans ufanistas do governo à época: Ninguém segura esse país. Além desse, havia ainda os seguintes slogans: Brasil, ame-o ou deixe-o; Ontem, hoje e sempre, Brasil; Esse é um país que vai para frente e Quem não vive para servir ao Brasil não serve para viver no Brasil. A  conquista do título mundial de futebol, naquele ano, ajudou a construção idealizada do Brasil, interna e externamente. 
Esse oásis de perfeição, no entanto, é contrariado pela capa do Jornal do Brasil, reproduzida em formato menor logo abaixo. Na manchete: Governo espera a lista de 70 presos para salvar a vida do embaixador. O representante diplomático alemão, Ehrenfried Von Holleben havia sido sequestrado em 11 de junho, durante a Copa do Mundo, no México, na qual o Brasil seria campeão.

1971

1971 Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 19 de março de 1971. Abaixo do nome do jornal, foto na horizontal de um jovem de pele branca e cabelos pretos raspados, sentado e voltado para a direita. Ele usa camisa de cor escura e está com os cotovelos apoiados nas pernas e a boca encostada nas mãos entrelaçadas. Está com os punhos algemados. Mais atrás, outro homem, de pele branca, cabelos e bigode pretos também sentado e com os punhos algemados. À esquerda, em pé, um policial militar. Na legenda: Teodomiro dos Santos (em primeiro plano) foi condenado à morte; seu companheiro Paulo Pontes à prisão perpétua. Abaixo, reportagem com o título: Terrorista é condenado à morte em conselho baiano. Na margem direita da prancha, coluna formada por sete retratos tipo três por quatro de rostos de quatro homens e três mulheres, do ombro para cima, com ferimentos diversos, alguns de olhos vidrados, outros de olhos fechados.  
Abaixo da capa, outras duas primeiras páginas, com as manchetes: Terror rouba hospital em Botafogo e mata 3 (O Globo) e Banidos voam rumo ao Chile (Jornal do Brasil). 

No rodapé, em destaque, 1971, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: A foto que ilustra a manchete da capa principal marca o momento da leitura da sentença do jovem Teodomiro dos Santos, condenado por ter posições políticas de esquerda. Ele olha com expressão tensa para a direita, como se observasse a reportagem posicionada à direita da foto e cujo título é: Bolívia tem dois ministros marxistas. Teodomiro também era marxista. Ao mesmo tempo em que no país vizinho pessoas com as mesmas posições políticas ocupavam altos cargos públicos, no Brasil, eram condenadas à morte. A escalada da violência política no país é evidenciada pelas manchetes das capas reproduzidas em menor formato. Com mortes de membros tanto da direita como da esquerda, esse foi um período conhecido como guerra suja. Do lado direito da prancha, são reproduzidas fotos pertencentes ao arquivo do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), com retrados de cadáveres de presos assassinados. O ano de 1971 dá início à escalada dos conflitos políticos. A partir daí, por orientação do governo, tornam-se comuns nas manchetes dos jornais os termos subversivo, marxista, banidos e terroristas.

1972

1972. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 4 de julho de 1972.
Abaixo no nome do jornal, a manchete: Governo não abre mão dos seus poderes. Logo abaixo, à esquerda, foto na vertical de um menino de três anos, cabelos pretos lisos na altura das orelhas, cabeça levemente voltada para a direita e para baixo, mãos encobrindo os olhos, como se chorasse.  No lado direito da foto, reportagem com o título: Perón ao JB: Argentina está à beira do abismo.
Na prancha, abaixo e à esquerda, recorte de reportagem com o título: Jarbas Passarinho: Política na universidade desapareceu. E um pouco mais baixo, à direita, outro recorte com o título: Economia brasileira cresceu entre 9 – 10%. No centro, cartaz tendo, no topo, em preto e vermelho sobre cinza claro: Terroristas procurados. Assaltaram, roubaram, mataram pais de família. Abaixo, oito fotos do tipo 3 por 4. No rodapé: À menor suspeita avise o primeiro policial que encontrar. Ajude-nos a proteger sua própria vida e a de seus familiares. À direita do cartaz, outros dois recortes com as reportagens: Terrorista é morto em São Paulo ao reagir à prisão e Justiça Militar julga lavradores em Brasília.  

No rodapé da prancha, em destaque, 1972, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: A foto da capa em destaque, logo abaixo da manchete, não tem ligação com a notícia em si. A imagem do menino se refere a um pequeno texto publicado como legenda, sobre a emoção infantil ao escutar a música if, que, na tradução para o português, significa se. O editor, ao aproximar foto e manchete, insinua o terror e a tristeza do povo frente à intransigência do governo, que afirma ter a palavra final em todo e qualquer assunto. A mesma analogia se aplica à outra reportagem, em menor destaque, sobre a mensagem enviada pelo presidente argentino ao Jornal do Brasil, e que alerta para o perigo do país vizinho sofrer um golpe militar.  
Os recortes abaixo da capa principal fazem um panorama da situação de caos e violência política no Brasil e dos bons resultados da economia nacional. No primeiro, do jornal O Globo, o ministro da educação, Jarbas Passarinho, afirma o sucesso das medidas que visavam o cerceamento ao pensamento político no âmbito das universidades. A reportagem ao lado faz um contraponto, dando conta do crescimento da economia brasileira. O cartaz, impresso e fixado em aeroportos, estações de trem e terminais rodoviários, identifica pessoas denunciadas como agentes do terror de esquerda. No recorte à direita, retirado do Jornal do Brasil, outras duas reportagens: uma sobre o fuzilamento de um suposto militante terrorista que teria resistido à prisão e outra, acerca do julgamento de lavradores envolvidos em demanda relativa à posse de propriedade rural em Brasília. A disputa estava sendo arbitrada pela Justiça Militar, ao invés da comum.

1973

1973. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 12 de setembro de 1973. Abaixo do nome do jornal, à esquerda e no rodapé, pequenos anúncios classificados criam uma espécie de L, que emoldura reportagem sobre o golpe militar no Chile e a morte do presidente Salvador Allende. O texto ocupa toda a primeira página, organizado em quatro colunas. 
Abaixo, na prancha, duas charges. Na primeira, assinada por Lan, um homem de cabelos e um grande bigode pretos, usando terno preto e gravata borboleta, está sentado atrás de uma lápide onde se lê: E. R. P. y SUS muchachos, tendo, abaixo, o desenho de um crânio e dois fêmures cruzados. O homem de bigode segura nas mãos um acordeom.  À direita, outro homem, calvo e de terno, voltado para a esquerda. Está com o dorso na mão esquerda sobre o quadril e a mão direita com os dedos unidos em direção ao homem de bigode. Na legenda, o diálogo: _Escuta, agora que vocês têm Peron e de lambuja até Isabelita, será que não dá para alegrar um pouco o repertório? Abaixo: _ Nota-se que o senhor não entende nada de tango. Mais atrás, uma metralhadora encostada no canto e um terceiro homem, que toca um violino. Na segunda charge, assinada por Ziraldo, um homem e uma mulher estão em pé sobre uma nuvem. O homem, à esquerda, tem cabelos, barba e bigode pretos e longos. Usa um camisolão branco e uma auréola sobre a cabeça. Tem nas mãos um jornal aberto onde se lê na capa: Nem calça comprida nem cabelão. Um pouco atrás, a mulher de cabelos pretos bem curtos. Ela usa armadura medieval e também tem uma auréola sobre a cabeça. Segura uma lança na mão esquerda enquanto toca o próprio queixo com a mão direita. Acima, no balão de fala: Chiiiiiiiiiile!...  

No rodapé, em destaque, 1973, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: O conjunto de elementos dessa prancha traça um painel do alastramento das crises militares em países vizinhos do Brasil. Na capa principal, do Jornal do Brasil, a ausência de imagens sobre o assassinato do presidente chileno Salvador Allende foi uma determinação explícita dos órgãos de segurança militares. Em depoimento anos mais tarde, o então editor do JB, Alberto Dines, contou que a proibição fora expressa: os jornais poderiam dar a notícia, mas sem comentários ou fotografias. Ele, então, optou por seguir a regra, publicando o relato dos fatos em reportagem publicada em letras em formato maior do que o de costume, ocupando toda a primeira página. Deste modo, o simples relato da notícia, sem título, tornou-se a manchete. Na manhã seguinte, o jornalista foi preso pela autoridade militar. 

Na charge da esquerda, o cartunista Lan usa a expressão triste e melancólica do homem de bigode que toca um tango, gênero musical característico, para ressaltar o aspecto conflitante e o tom melancólico da política argentina naquela época.  E.R.P., visto na lápide, faz referência ao Exército Revolucionário do Povo, organização armada de esquerda. 
No desenho do lado direito, Ziraldo traça um paralelo entre a imagem de Jesus e a proibição do uso de cabelos compridos pelos homens, motivo de prisão pela polícia. Cristo fica perplexo ao saber da lei pelo jornal impresso, principal veículo de comunicação popular. Joana D´arc, atrás, espantada, fala o nome do país que, no dia anterior, havia sofrido o golpe militar.

1974

1974. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 16 de novembro de 1974. Abaixo do nome do jornal, a manchete: MDB vence prévias na GB, RJ e S. Paulo. Abaixo, na vertical, foto de dois homens e uma mulher em pé, em uma calçada, segurando malotes brancos. Atrás, parte de um outdoor onde está escrito: Sabor bem Brasil, acima da foto de duas jovens sentadas na grama e sorrindo. Abaixo da prancha, à direita, a reprodução reduzida de capa do jornal O Globo com a manchete: As grandes metas de Giesel. À esquerda, charge de Ziraldo, tendo, ao centro, um homem, uma mulher e quadro crianças sentadas em torno de uma mesa. O homem está com as mãos abertas na lateral do rosto e mantém a boca aberta. Acima, o texto: É fogo, mulher... Quando a gente vê uma luzinha no fim do túnel, aumentam a conta da luz... 
Mais abaixo, dois recortes de jornais com os títulos: Presidente Geisel anuncia distensão gradativa e segura e Delfim revela a dívida externa: US$13 bilhões. 
No rodapé da prancha, em destaque, 1974, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: Na capa em destaque, a manchete sobre a vitória do Partido Democrático Brasileiro, opositor ao governo, nos estados mais influentes do país. A foto que ilustra a reportagem faz um trocadilho com a derrota do governo nas eleições para senador. Na imagem, os três mesários – pessoas responsáveis pela coleta dos votos – posam em frente a um outdoor, que evidencia parte do slogan da campanha publicitária de uma marca de cigarros: Sabor bem Brasil. No caso, o sabor de votar livremente. Abaixo, a capa de O Globo, em menor formato, destaca as realizações do presidente recém-eleito, general Ernesto Giesel, classificadas pelo jornal como atos de verdade e confiança. Ao lado, a charge de Ziraldo retrata situação familiar de classe média, na qual o pai faz um trocadilho com uma expressão muito popular na época. Uma luz no fim do túnel se referia à expectativa de abrandamento ou término do período repressivo. Já a carestia, encoberta pelo discurso oficial é representada pelo aumento das tarifas básicas, no caso, a conta de energia elétrica. 
Nos recortes abaixo da charge, uma notícia boa, o anuncio do presidente sobre o abrandamento da ditadura, e uma ruim, com o ministro da Economia, Antônio Delfim Neto, revelando o rombo bilionário das contas do país, algo que a população desconhecia e que desaguou na hiperinflação da década seguinte.

1975

1975. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do jornal O Globo, em preto e branco, de 27 de outubro de 1975. No topo da capa, dentro de um retângulo horizontal cercado por linha preta, o título: Brasil se recusa a jogar nova partida contra o México, e a foto também na vertical do atleta de salto triplo João Carlos de Oliveira. Ele é um homem jovem, de pele negra retinta e cabelos raspados. Usa paletó cinza claro sobre camisa branca e está voltado para frente, braços levantados ao lado do corpo. Segura em cada mão uma medalha e sorri. Abaixo, no centro da capa, o nome do jornal. À direita, reportagem com o título: Terror mata 5 policiais na Argentina. Entre outras reportagens se destaca, próximo ao rodapé, a nota: Segundo Exército informa suicídio de jornalista. Na arte, é inserida graficamente uma mancha vermelha que escorre por trás do texto. 
Em cada margem lateral da prancha, uma coluna com três fotos cada, que reproduzem a mesma imagem: através de uma porta aberta, vê-se uma pequena sala tendo ao fundo uma janela a cerca de um metro e meio do piso, fechada com grades. Amarrada à grade, um cinto de couro que enlaça o pescoço do jornalista Vadimir Herzog. Ele é um homem de pele branca, calvo e com cabelos pretos junto à nuca. Usa uma espécie de macacão escuro. Está voltado para frente, encostado na parede, braços para baixo e joelhos flexionados próximo ao piso. Mantém a cabeça um pouco flexionada para baixo e olhos fechados. 
Na parte debaixo da prancha, seis recortes de reportagens de jornal com os títulos: Nota do segundo Exército explica suicido de jornalista na prisão; Nota do Sindicato; Laudo diz que foi suicídio; Greve foi suspensa por horas; Ednardo afirma que objetivo é vier em harmonia; Culto ecumênico na Sé se realiza com tranquilidade; Operação Gutemberg vai bem. 
Mais abaixo, à esquerda, foto de Vadimir Herzog. Ele usa terno cinza sobre blusa de mangas compridas. Está sentado, levemente voltado para a direita, diante de uma mesa sobre a qual há uma máquina de escrever. Mantém o cotovelo direito sobre a mesa, mão direita próxima à boca. Olha para frente e sorri.  
No rodapé da prancha, em destaque, 1975, apoiado em um retângulo horizontal azul claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. No centro em destaque, a boca de um tubarão, com o focinho para cima. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: A capa do jornal O Globo mistura reportagens mais amenas, ligadas ao esporte, com a nota sobre o suposto suicídio do professor universitário e jornalista Vadimir Herzog, da TV Cultura de São Paulo. O trágico evento, mais tarde, exporia a violência da repressão contra os opositores da ditadura: a prisão, tortura e morte em dependências militares. Nas laterais da prancha, a reprodução da foto na qual o jornalista figura morto dependurado pelo próprio cinto amarrado na grade de uma janela. A foto de Herzog, com as pernas flexionadas junto ao chão, deixa claro que a cena do suicido havia sido forjado, fato bem mais tarde confirmado por Silvaldo Vieira, na época fotógrafo do Instituto de Criminalística da Polícia Técnica de São Paulo, autor da imagem. Abalado pelo que presenciou durante o trabalho no instituto, Silvaldo em 1979 abandonou o emprego e o país, radicando-se em Los Angeles, nos Estados Unidos.

1976

1976. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 24 de agosto de 1976. No topo, abaixo do nome do jornal, foto na horizontal de uma multidão em um amplo espaço aberto. No centro, um caixão funerário sendo carregado, acima dos ombros, por dez pessoas, cinco de cada lado. Sobre ele, uma bandeira do Brasil. Ao fundo, à direita, a Catedral de Brasília e céu com nuvens. Abaixo, a manchete: Brasília sepulta seu fundador com hino e luz de holofotes. Mais abaixo, foto na vertical de um homem e uma mulher com roupas pretas, andando, vistos de cima. Ele é calvo e usa terno. Está com o braço esquerdo sobre o ombro direito da mulher. Ela tem cabelos longos e pretos e segura nas mãos duas rosas. Na legenda: Amparada por Oswaldo Penido, D. Sarah, com flores e pranto, caminhou para o avião em que seu marido faria a última viagem à Capital. 
Abaixo, na prancha, recortes de outras duas reportagens: Sepultamento de Goulart teve cortejo de 30 mil pessoas e Morto no DOI-CODI estava preso há apenas 24 horas. Mais abaixo, texto emoldurado por um fio com o título: Nota do segundo Exército anuncia morte em xadrez. 
No canto inferior esquerdo, charge de Henfil formada por uma coluna com por três retângulos horizontais. No retângulo de cima, escrito no canto esquerdo: Henfil no alto da Caatinga e, em destaque, Zeferino. À direita, os personagens Graúna, um pássaro preto; bode Francisco Orellana, de cartola, e o cangaceiro Zeferino, com cabelos compridos e chapéu de couro. Eles estão voltados para a direita e andam em fila. Acima da cabeça de Zeferino a fala: Vix! Olha só aquele mendigo! No retângulo do meio, os personagens, voltados para frente. Acima do bode, a fala: Mais de mil balas no corpo. E acima de Zeferino: Não olha isso não, Graúna! No quadrinho de baixo, Zeferino e Orellana voltados para a direita, onde está um homem, descalço e coberto com balas de açúcar. Orellara, então, fala: Eu sabia: vitima da Aliança Anti-esquadrão Brasileira (AAB)! Graúna, à direita, pergunta: Me dá uma bala de menta?  
No rodapé da prancha, em destaque, 1976, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: A capa do Jornal do Brasil tem como destaque a morte do ex-presidente Juscelino Kubistsheck em um acidente de carro na rodovia Rio-São Paulo. O evento emocionou a nação, tanto pelo fato inesperado como por se tratar do responsável pela fundação e construção da cidade de Brasília. A capital do país, antes, era no Rio de Janeiro. Mais abaixo, os recortes do Jornal do Brasil destacam, na sequencia, outras duas mortes: a do ex-presidente João Goulart e a do metalúrgico José Manoel Fiel Filho, preso na sede do Comando do Segundo Exército em São Paulo. Fiel Filho faleceu da mesma forma que o jornalista Vladimir Herzog, no ano anterior. Os três eventos trágicos ocorreram em intervalo de menos de 30 dias. Cada vez mais, ficava impossível esconder a face tenebrosa dos quartéis e delegacias. 
O cartunista Henfil publicava regularmente desenhos em tom crítico ao poder estabelecido. Seus personagens retratavam figuras populares do folclore do Nordeste do Brasil, como um cangaceiro, um bode e uma graúna, que é uma pequena ave preta comum nos ambientes áridos.

1977

1977. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque, à direita, a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 15 de abril de 1977. Abaixo do nome do jornal, o título: Geisel torna indireta até eleição de senador. Abaixo, centralizada, foto na vertical de um homem de pele branca e cabelos grisalhos, usando terno preto e óculos, em pé, voltado para a direita. Mais atrás, dois homens, também usando terno, estão em pé, voltados para a esquerda. Ao fundo, as duas torres gêmeas que integram o Palácio do Congresso Nacional. Na legenda: O General Ernesto Geisel chega à Praça dos Três Poderes e, como em todas as quintas-feiras, sobe a rampa do Palácio do Planalto. 
No rodapé da prancha, em destaque, 1977, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: a capa em destaque divulga a emenda constitucional que tornou indireta as eleições para governadores e para um terço do senado. Na foto, o presidente Ernesto Geisel, em pé, na calçada da rampa Presidencial. Na rua deserta e ao longe, apenas os dois agentes da segurança presidencial. A imagem insinua a solidão do poder. 
Os três recortes do Jornal do Brasil relatam a mais grave crise militar durante a ditadura: a demissão do ministro do exército, general Sylvio Frota, por incompatibilidades políticas com o general-presidente Geisel. O episódio marcou uma profunda divisão das Forças Armadas, opondo os considerados moderados (que acatavam a política do presidente Geisel) aos radicais, também conhecidos como o povo dos porões, militares que defendiam e praticavam a violenta repressão por meio de tortura, atentados à bomba e assassinatos.

1978

1978. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque, à direita, a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 31 de dezembro de 1978. Abaixo do nome do jornal, o título: Regime do AI-5 acaba à meia-noite de hoje. Abaixo, à esquerda, foto na horizontal de pessoas no calçadão de uma praia. No centro, um casal, de costas, anda de mãos datas. A mulher, à esquerda, usa camiseta e shorts. O homem está com o dorso nu e usa calças estampadas. Em torno dele, três mulheres de biquíni. Uma delas coloca um chapéu de palha no homem. Mais atrás, pessoas observam, tendo, à direita, outros três homens, em pé e voltados para frente, usando vestidos. Na legenda: Os banhistas fizeram sua tradicional despedida de ano no Leblon. Em Copacabana, a banda da Sá Ferreira distribuiu cerveja e animação. E o Centro teve, ao contrário dos últimos dias, um fim de ano vazio. Abaixo, na prancha e em tamanho menor, capa do Jornal do Brasil com o título: Incêndio destrói todo o acervo do MAM. À direita, recorte com a reportagem: Figueiredo promete prender quem não quiser a abertura. Mais abaixo, charge assinada por Lan. Quase todo o desenho é ocupado por uma grande onda, voltada para a esquerda, próxima à faixa de areia. No topo da onda, homem calvo e de óculos, usando sunga. Está deitado, também voltado para a esquerda, como se estivesse nadando. 
No rodapé da prancha, em destaque, 1978, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: Na capa em destaque, o jornal optou por dar de madeira simples a importante notícia: o fim do Ato Institucional número 5, que cerceava as liberdades individuais e conferia plenos poderes ao governo para agir como bem entendesse. Ilustra a manchete, por proximidade, a fotografia de um grupo de jovens em comemoração típica de fim de ano. É como se comemorassem o fim do regime de exceção. Na parte de baixo da capa, o Jornal do Brasil noticia a maior tragédia das artes plásticas brasileiras: a perda de todo o acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, consumido por um incêndio. Nos anos seguintes, a instituição se reergueria com doações de museus estrangeiros. A partir do sinistro, medidas de segurança foram adotadas para que tragédias semelhantes não se repetissem. 
A charge do Lan reflete o momento de otimismo político daquele ano, por conta das promessas feitas pelo recém-eleito general-presidente. João Baptista de Figueiredo se comprometera com a retomada, gradual e progressiva, da democracia no país. No desenho, João, como preferia ser tratado, surfa na onda, como metáfora desse bom momento político.

1979

1979. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque, à direita, a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 28 de agosto de 1979. Abaixo do nome do jornal, o título: Auditor cumpre anistia e liberta quatro. Abaixo, foto na vertical de dois homens jovens, ambos em pé, voltados para frente. O que está em primeiro plano tem pele branca e cabelos pretos encaracolados, usa camisa quadriculada de mangas curtas e calças compridas. Na mão direita, segura uma grande sacola branca e, na esquerda, uma gaiola, com o que parece ser um papagaio. Atrás, o segundo homem, de cabelos raspados, barba e bigode pretos. Traja blusa e calças pretas e segura uma sacola branca na mão direita. Abaixo, próximo ao rodapé da capa, foto na horizontal tendo, à esquerda, cinco homens agachados e empunhando fuzis. À direita onze pessoas, uma ao lado da outra e voltadas para a esquerda. Elas têm um lenço branco tapando os olhos. Algumas estão em pé, outras com o corpo flexionado. Na legenda: soldados iranianos executam nove curdos e dois policiais do xá, segunda-feira, e ontem o ayatohla Khomeiny rejeitou proposta de cessar-fogo feita pelos rebeldes de Mahabad, pois pretende esmagar os criminosos curdos. Mais vinte rebeldes e militares que se recusaram a combatê-los foram executados. 
Abaixo, na prancha, recortes de duas reportagens, com os títulos: Arraes afirma que só democracia não resolve problemas (sobre entrevista com Miguel Arraes acerca da crise econômica brasileira) e Um desembarque típico de gaúcho (sobre a volta de Leonel Brizola ao país após 15 anos no exílio). Mais abaixo, charge assinada por Ziraldo. No topo do desenho, em branco sobre fundo preto: Setor C, desembarque. Abaixo, faixa na horizontal, com a inscrição em branco com fio preto: Flanistia, sendo as letras F. A e N grafadas em preto. Abaixo, dezenas de pessoas se abraçam rindo. Em um grande balão de fala: O negócio agora é saber em que posição vão jogar. Grafadas em letras menores: Três chegaram ontem. Hoje mais duas. Amanhã... Porre! Não dá nem tempo de ressaca.  
No rodapé da prancha, em destaque, 1979, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: A capa em destaque na prancha festeja a tão desejada anistia política, publicando a fotografia de dois presos políticos, carregando seus pertences, no momento em que deixavam a penitenciária. No dia 31 de dezembro do mesmo ano, seria cancelado o Ato Institucional número cinco, promulgado em 1968.

1980

1980. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque, na parte superior, a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 28 de agosto de 1980. Abaixo do nome do jornal, duas fotos. A da esquerda, na vertical, o interior de um cômodo, com um grande buraco no teto, de onde pende parte do reboco de gesso. Há destroços sobre duas cadeiras encostadas nas paredes laterais, uma de cada lado. Ao fundo, à esquerda, um abajur sobre uma mesinha de canto e uma porta, onde estão dois homens usando terno, em pé. Na foto da direita, na horizontal, outro cômodo com destroços. É possível identificar, no centro, uma mesa e uma cadeira de madeira escura, cobertas por pedaços de reboco e papéis rasgados. Na legenda: A ante-sala do gabinete de Seabra Fagundes (E) sofreu danos com a explosão da bomba sob a mesa da sala ao lado (D) que policiais inspecionam. Abaixo, o título: Bombas matam secretária da OAB e ferem 6. 
Abaixo, na prancha, charge assinada por Chico, tendo, no canto esquerdo, desenho de um homem calvo, de orelhas e nariz avantajados. Usa blusa de mangas curtas, calças e botas de cano alto. Está em pé sobre uma caixa, voltado para a direita. Na mão esquerda, segura um revólver apontado para cima, de onde sai uma pequena fumaça. O homem sorri. À direita, cinco baias, cada uma com um cavalo e seu respectivo cavaleiro em disparada vistos por trás. Abaixo, a legenda: Grande Prêmio 1982. 
No rodapé, em destaque, 1980, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: Os atentados à bomba se tornaram frequentes em consequência direta da cisão política dentro das Forças Armadas, acirrada após a demissão do ministro do Exército três anos antes. Na capa do Jornal do Brasil, a cobertura sobre o atentado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), incluindo a notícia de que o general-presidente Figueiredo havia dado ordem à Polícia Federal para apurar em detalhes o crime. Ao atentado à OAB, se somou, no ano seguinte, outra ação malsucedida dos militares radicais: a detonação antecipada de uma bomba no Centro de Convenções do Rio de Janeiro, Riocentro, na Barra da Tijuca. A charge do desenhista Chico Caruso brinca com o início da campanha eleitoral para a escolha dos governadores. Uma caricatura do presidente Figueiredo, um notório apreciador de cavalos, dá a partida para uma corrida. A legenda resume com humor: grande prêmio 1982.

1981

1981. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de primeiro de julho de 1981. Abaixo do nome do jornal, a manchete: IPM do Riocentro conclui que capitão e sargento foram vítimas de armadilha. Mais abaixo, duas fotos. Na de cima, na horizontal, a silueta de um homem à direita, voltado para a esquerda. Ele aponta com um bastão para uma foto projetada na parede ao fundo. Na foto, um carro semidestruído, voltado para a direita. O lado do carona está sem porta e no banco há o corpo de um homem, cabeça tombada para a esquerda, pé direito para fora. Na segunda foto, o banco do carona, visto de cima. O acento está intacto enquanto o banco do motorista e a lataria da lateral direita foram destruídos. Ao lado, o título: Oposição rejeita as conclusões sobre o atentado. 

Mais abaixo, na prancha, dois recortes de jornal, com os títulos: Teste mostra que seria difícil não ver bomba no Puma e Presidente acha que a barra está pesada. Abaixo, a reprodução de charge de Ziraldo, tendo, dentro de um retângulo com fundo branco, a palavra oh!, formada pelas letras o e agá, seguidas do ponto de exclamação, e escrita em letras maiúsculas. 
No rodapé, em destaque, 1981, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: Na capa do Jornal do Brasil, a manchete reproduz a versão oficial do governo sobre o grave episódio conhecido como Atentado do Riocentro. Cerca de 20 mil pessoas assistiam ao um show de música popular celebrando o Primeiro de Maio, Dia do Trabalhador, no Centro de Convenções do Rio de Janeiro, Riocentro, na Barra da Tijuca. Antes do término do espetáculo, uma bomba explodiu no interior de um carro esporte estacionado na garagem, onde se encontravam dois militares do exército. O sargento Rosário faleceu, enquanto o capitão Wilson Machado sobreviveu, apesar de ter o abdome dilacerado. As Forças Armadas atribuíram a responsabilidade pelo atentado a grupos radicais interessados em atingir órgãos militares de segurança. No entanto, uma apuração rigorosa da imprensa desmascarou a farsa, expondo as ações obscuras de grupos militares radicais, empenhados em comprometer o processo de abertura política, prometido pelo presidente João Figueiredo. As fotografias da capa do JB, que mostram o estado de destruição do veículo e a posição de seus ocupantes, acabaram por comprovar tecnicamente as discrepâncias do relatório oficial. 
A charge de Ziraldo, com o oh! – típica expressão de surpresa, espanto e incredulidade – resume a reação popular com a farsa do governo no episódio do atentado. Até hoje, ninguém foi punido.

1982

1982. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, com destaque para a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 14 de dezembro de 1982. Abaixo do nome do jornal, a manchete: Brasil pede mais US$ 1,5 bilhão. Abaixo, reportagem com o título: Brizola ganha eleição por 34% a 30%. Mais abaixo: Polícia prende Comitê Central do PCB e foto na horizontal de uma rua também na horizontal, vista de cima, com nove carros estacionados em fila formando um semicírculo na frente de um prédio de escritórios. Dezenas de pessoas estão em pé, atrás dos carros. Na legenda: O cerco ao edifício Thomas Edison bloqueou o trânsito. A Polícia ocupou três andares do prédio e levou, sem resistência, 86 pessoas, a grande maioria liberada depois de identificada. Só sete permaneceram detidas. 
Mais abaixo, na prancha, à esquerda, charge de Ziraldo, tendo dois homens em pé, um ao lado do outro. O da esquerda segura um jornal cuja capa traz a manchete: Estado por estado. Governo 12. Oposição 10. Ele olha para o outro homem, à direita, com a fala: Para ser honesto, você não acha que alguns desses resultados aí deviam ser decididos nos penalties?... 
Mais à direita, recorte de jornal com o título: Figueiredo: em cada voto haverá um pouco de mim.
No rodapé, em destaque, 1982, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: Na capa em destaque, o Jornal do Brasil faz um panorama da situação do país no início da década de 1980: Externamente, um país falido e endividado. Internamente, alternando entre avanços e recuos políticos. A realização de eleições livres e diretas para governador traz de volta Leonel Brizola, eleito governador do Estado do Rio de Janeiro. Apesar do afrouxamento das proibições, a diretoria do ainda proscrito Partido Comunista Brasileiro era alvo da polícia política.

1983

1983. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do jornal O Globo, em preto e branco, de 30 de dezembro de 1983. No topo: Consenso foi impossível, diz Presidente. Abaixo, a manchete: Figueiredo desiste de coordenar sucessão. 
Mais abaixo da prancha, recorte de jornal com textos curtos com os seguintes títulos: Correção monetária bate recorde com 9%; Passaporte comum já custa Cr$ 11 mil 225; Gasolina passa a custar Cr$ 210 e álcool Cr$ 123; Dólar sobe 6,3% e vai a Cr$ 680; São Paulo demitiu em 2 meses tanto quando em 1 ano. À esquerda, na charge de Ziraldo, um caminhão de mudança, voltado para a direita, trafega em uma estrada. Na cabine, o rosto de um homem de pele branca, calvo e de óculos escuros, com semblante sério. Na lateral da carroceria, em destaque: Crise S/A. Na estrada, uma placa onde se lê: Eleição direta 2km, e uma seta para a direita. Ao fundo, morros e céu com nuvens.   
No rodapé, em destaque, 1983, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: O ano de 1983 foi de intensa instabilidade econômica e política no Brasil. Em meio a divergências e antagonismos, o general-presidente João Figueiredo abre mão de coordenar a escolha do candidato oficial a sua sucessão. O país afunda economicamente cada vez mais. O índice inflacionário de 201% provoca o descontrole cambial e aumentos abusivos de taxas, impostos e, principalmente, dos preços de alimentos, remédios e demais artigos de consumo.

1984

1984. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, com destaque para a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 11 de abril de 1984. Abaixo do nome do jornal, a manchete: Comício pela aprovação das diretas pára o Rio e reúne oitocentas mil pessoas na Candelária. Abaixo, à esquerda, foto na vertical da Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, vista de cima, a partir da Igreja da Candelária. As 16 pistas de carro e as calçadas laterais estão totalmente ocupadas por milhares de pessoas. Na legenda: Com faixas, cartazes, bandeiras e balões pelas diretas, a multidão ocupou todas as áreas onde chegava o som do comício. Abaixo, foto na horizontal da Presidente Vargas, à noite, ocupada por uma multidão. Prédios altos nas laterais e, ao fundo, um palco tendo, atrás, a Catedral da Candelária. Na legenda: No meio da noite a Avenida Presidente, a partir da Avenida Passos, ficou completamente tomada pelo público do comício. 
Na parte de baixo da prancha, recortes de jornais com os títulos: Multidão lota Praça da Sé no comício pelas diretas; O comício da Sé; Congresso rejeita diretas; Sarney Filho não ouve o pai e vota a favor; Manifestantes atiram ovos contra carro do candidato.  
No rodapé, em destaque, 1984, apoiado em um semicírculo verde claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: O Jornal do Brasil mostra a pressão popular pela realização de eleições diretas para todos os cargos políticos, prevista em Emenda de Lei a ser votada pelo Congresso. As manifestações ocorreram em várias capitais do país, com destaque para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A emenda sofria oposição de políticos e apoiadores dos meios militares contrários à volta da democracia. O povo acompanhou a contagem de votos em painéis chamados de placares das diretas, mas a emenda foi rejeitada por 298 votos a 95. Por outro lado, o lançamento da chapa presidencial Tancredo Neves - José Sarney reativou a movimentação civil em prol da eleição presidencial, mesmo que indireta. Tancredo, eleito, não chegaria a tomar posse no cargo. Internado às pressas na véspera da cerimônia, passou por cirurgias e procedimentos médicos radicais, mas veio a falecer após 39 dias de sofrimento. Seu companheiro de chapa, José Sarney, seria empossado como o primeiro presidente civil desde 1960.

1985

1985. Audiodescrição. Prancha retangular na vertical com fundo branco, tendo em destaque a reprodução da capa do Jornal do Brasil, em preto e branco, de 16 de março de 1985. No topo, abaixo do nome do jornal, foto horizontal tendo nove homens, todos de pele branca e usando terno escuro. Eles estão em uma espécie de sacada, em pé, um ao lado do outro, voltados para frente, de mãos dadas e braços levantados. Na legenda: De mãos dadas e sorrindo, Ulysses e Sarney à frente, os ministros empossados saúdam o povo do parlatório do Planalto. Abaixo, a manchete: Sarney inaugura o regime de Tancredo. Mais abaixo, foto na horizontal, com um grupo com cerca de 15 pessoas, voltadas para frente, andando. Ao centro, destaque para um homem de pele branca, calvo, usando terno e óculos. Um pouco à frente, à esquerda, duas mulheres, lado a lado. A da esquerda, tem pele negra não retinta e cabelos pretos, usa calças e blusa brancas e segura uma menina com cerca de dois anos no colo. A da direita tem pele branca e cabelos curtos, usa vestido de mangas compridas bufantes. Na legenda: Dona Dulce à frente, Figueiredo embarca para o Rio, cercado de parentes e alguns fiéis companheiros.  
Abaixo, na prancha, três recortes de jornal com os títulos: Sarney decreta 8 dias de luto por Médici; Figueiredo frustrado: não passou a faixa; Inflação deste ano será maior que a do ano passado: 230%. À esquerda, charge de Millôr Fernandes, na horizontal, tendo o desenho da silueta do Palácio do Congresso Nacional, formado por duas torres centrais, tendo, à esquerda um semicírculo convexo e à direita, um semicírculo côncavo. Ao fundo, à direita, Corcovado com o Cristo Redentor e, à esquerda, sol cercado por nuvens. Na legenda: Um sol poente que começa a iluminar o país com o vigor de um sol nascente. 
No rodapé, em destaque, 1985, apoiado em um semicírculo amarelo claro, sobre o qual há imagens que representam referências sobre fatos históricos e culturais daquele ano. Fim da audiodescrição.

Nota do autor: O Jornal do Brasil enfatiza o descortinar de um novo horizonte político para o país, com a troca dos ocupantes do Palácio do Planalto. José Sarney chega. João Figueiredo sai. A manchete – Sarney inaugura o regime de Tancredo – faz homenagem ao presidente falecido. O novo governo reúne ministros para traçar caminhos e prioridades. Com a retomada da democracia, começa uma nova era na história do Brasil, conhecida como Nova República.